Pratique a equanimidade

Taí uma palavra boa para acrescentarmos ao nosso vocabulário: equanimidade. Como não é muito usual, vamos primeiro entender seu sentido. É algo contrário a tomar partido, tendenciar, polarizar, ser parcial e julgar. Já se pode sentir que praticá-la é um bom desafio, pois muito de seu oposto aprendemos a fazer quase que impetuosamente, sem muito pensar. Irmã de outra palavra muito importante, discernimento, equanimidade exige pensar, ou melhor, discernir. Implica, portanto, manter o estado de moderação, isenção, comedimento. Uma atitude que significa livrar-se do desmedido para encontrar a justa medida.
Não se trata, porém, de um desafio fácil, embora exija de muitos de nós algo que, para alguns de nós, é extremamente prazeroso: polarizar e polemizar. Há quem goste demais de atacar o oposto, o contraditório, o outro lado de nosso conjunto de crenças. Equanimidade é nunca se ocupar com essa polarização.
A nova palavra, que agora integra o nosso vocabulário implica, em primeiro lugar, aceitar as coisas como são, pois, do contrário, elas continuarão brigando dentro de cada um de nós. Tal qualidade nos permite negociar com os extremos a partir de nossos próprios opostos, daquilo que não está bem resolvido nem mesmo dentro de nós mesmos. Esse é o maior dos ganhos por incorporar a equanimidade ao glossário habitual. Trata-se de, primeiramente, apaziguar em nosso interior os embates que geralmente colocamos para fora muitas vezes de maneira desastrosa.
Na luta interna, formam-se resistências que também são projetadas no mundo exterior, gerando barricadas nas relações, como poderoso impedimento a que se construa a paz. As resistências têm força suficiente para drenar as energias que poderiam ser canalizadas para a realização e construção de boas relações e de um mundo melhor.
Equanimidade é a única maneira de nos relacionarmos com tudo e todos, pois nos leva a manter uma atitude de aceitação e compreensão. Não significa, no entanto, concordar com todos ou aprovar tudo o que os outros fazem, mas manter abertura permanente para o diálogo e a oportunidade de entendimento e reconciliação.
Acredito que, mesmo os que manifestem posições extremadas, todos desejamos um mundo melhor que ofereça a todos uma vida mais venturosa. Então, aceitemos o desafio: sejamos equânimes! É uma prática virtuosa e gratificante, imprescindível quando os ânimos tendem a se exaltar, perdendo assim a perspectiva lógica. A ela, portanto!

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Jose Francisco
Jose Francisco
5 anos atrás

Gostaria de fazer uma pergunta: É possível ser equânime quando um dos lados da demanda ou problema age de má fé?

João Paulo Dias
João Paulo Dias
5 anos atrás

Lendo o artigo, percebo a importância do autoconhecimento e do entendimento do devir. O que podemos entender como extremismo ideológico por vezes não tem sequer fundamento razoável, mas é fruto do desejo da aprovação social e reflete a “liquidez” da opinião. A equanimidade está intimamente ligada ao conhecimento de si, ao “quem sou”, ao “qual é meu papel”, por fim no conceito individual de felicidade.
Dessa forma, é válido o ensinamento do diálogo e da conduta antiga e sábia dos avós: “não bata tambor pra maluco dançar”.

Fabio
Fabio
5 anos atrás

Ser equânime é uma virtude que os verdadeiros líderes possuem e Todos que o cercam reconhece.
Parabéns pelo excelente texto e por compartilhar algo extremamente útil para nossa vida pessoal e profissional.
Um abraço
Fabio

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