Entre com o pé direito!

Início de novo ano! Quem não quer entrar com o pé direito? Esta expressão, aliás, tem origem lá na Roma Antiga.  Quando ofereciam uma festa, os anfitriões acreditavam que ingressar no ambiente com o pé direito afastava qualquer mau agouro para o evento. Por isso, pediam aos convidados que seguissem o costume. Eles falavam latim e, nessa língua, a palavra “sinistro” significava “esquerda”, dai se explica a crença de que o lado direito simbolizava o bem e o esquerdo, o mal. Tanto a expressão como a crença se perpetuaram, ao longo dos séculos. Até o nosso ilustre Santos Dumont inventou um modelo de escada, que construiu em sua própria casa, em que só é possível subir iniciando o percurso com o pé direito.

Curiosidades e superstições à parte, quem não gostaria de entrar no novo ano com o pé direito? Saiba que esse movimento é uma crença, mas dar o passo certo é questão de fé e conhecimento. Alguns passos mudam substancialmente a qualidade da travessia e do destino, porque são fundamentais para driblar com sabedoria as pedras no caminho.

Veja, imagine e escolha o seu próximo passo.

O passo do guerreiro: O guerreiro é o arquétipo do herói que não foge à luta. Gosta tanto de problemas e de resolvê-los que jamais se esquiva deles. Tamanho é o seu talento para a coisa que não hesita em arranjá-los, caso não haja nenhum à vista. Afinal, acha que viver sem eles desperta em seu íntimo um sentimento de abstinência.

O guerreiro busca a eficácia e, para assegurá-la, mantém a rotina, o comando e as barreiras. Todas essas resistências vão desenvolver, nele, a resiliência, pois aquilo que faz o negativo, faz também o positivo. A resiliência é seu principal poder e garante a sua capacidade de enfrentar os dragões que se colocam no meio do caminho.

Se o guerreiro se mantiver nesse passo, vai caminhar sempre com a intenção de sobreviver por meio da força e da resistência. O que, por certo, não o levará muito longe.

O passo do jogador: O jogador é o arquétipo do vencedor, que faz qualquer coisa para não perder. O que importa para ele é vencer; não basta a posição de vice-campeão. Costuma valorizar mais o resultado do que o processo. Então seu objetivo é a batalha ganha, seja qual for o número de mortos e feridos.

Também é prática do jogador comparar-se aos outros, de modo que os seus ganhos são representativos se forem superiores aos de seus congêneres, o que o mantém em eterna ansiedade.

O jogador possui determinação e astúcia. Sabe como armar a jogada, driblar os obstáculos, vencer a parada e conquistar o que almeja. Também aqui o que faz o negativo, faz o positivo. O arrojo é seu principal poder e o leva a topar qualquer parada.

Se mantiver esse passo, o jogador vai angariar conquistas, mas ao preço da rejeição de pessoas que não estiverem dispostas a assumir os seus riscos ou acompanha-lo por caminhos tão acidentados.

O passo do curioso: O curioso é o arquétipo do eterno caminhante. Mesmo que a situação atual seja boa, ele acredita piamente que existe algo ainda melhor. Mas, para seguir adiante, tem de distender o controle, flexibilizar a autoridade, atuar como agente de mudanças.

A curiosidade é a sua principal virtude, capaz de livrá-lo do conformismo e de colocá-lo em marcha. O ímpeto é o principal poder do curioso e tudo o que ele deseja é perseguir uma nova visão durante o tempo suficiente para vê-la concretizada. Mas como o que faz o positivo, faz o negativo, o eterno afã por novas direções pode fazer com que caminhe a esmo, enquanto não define um foco.

O curioso dá o passo a partir do qual tudo muda. Parte com alguma expectativa, que vai se transformar em busca e terminar em esperança. É quando a sua caminhada começa a ganhar vigor e direção.

O passo do perito: O perito é o arquétipo de quem segue caminha com quem sabe onde deseja chegar. Reconhece que, para caminhar, há que apoiar-se na ciência, naquilo que já foi testado e comprovado. Para ele, a travessia é, sobretudo, um desafio intelectual.

O perito costuma analisar todas as alternativas antes de fazer as escolhas e não se deixa levar pela emoção. É guiado pela razão. Procura a verdade e essa busca é a sua principal virtude. Por outro lado, confunde a verdade com a “sua” verdade. Como o que faz o bem, também faz o mal, a teimosia passa a ser o seu maior sabotador, na insistência em querer estar certo.

Mesmo assim, não perde o seu principal poder: o aprendizado. E é o que vai conduzi-lo para destinos mais promissores.

O passo do artista: A partir desse arquétipo, o pode vir a ser é mais relevante do que é e do que já foi. O artista quer dar vida às ideias e, para isso, precisa vencer o medo da inadequação. Quando consegue superar sua dúvida quanto à própria originalidade,  o artista solta as asas da imaginação enquanto faz bom uso do seu talento criativo.

Também nesse arquétipo, o que é impulsionador pode ser também restritivo. O poder do artista está na imaginação, mas quando ele se sente autor exclusivo daquilo que cria, a presunção pode ofuscar o talento, causando retrocesso.

Porém, quando a intenção é perseverar no exercício da imaginação e de novas maneiras de expressão criativa, o artista continuará contribuindo com beleza e arte por onde passar.

O passo do solidário: O que faz esse arquétipo é a indignação diante das injustiças, a disposição de atender pedidos de ajuda e de jamais se omitir.

O solidário tem a intenção de servir com gentileza e generosidade. Sua principal virtude é a bondade. Aqui também o que é positivo pode se transformar em negativo. É quando a solidariedade vira assistencialismo e filantropia, gerando dependência, em vez de estimular a evolução.

Contido o risco de não distorcer as reais intenções, a solidariedade é capaz de transformar a travessia em um trajeto marcado pelas melhores pegadas.

O passo do cultivador: O cultivador é o arquétipo de quem traz consigo o compromisso de retornar à essência. Não se deslumbra com o material e sua busca é pelo real propósito e significado da vida. A travessia se transforma em uma jornada espiritual, que inclui todas as esferas da existência, entre as quais o trabalho, a profissão e os negócios.

A principal conquista do cultivador é a magnanimidade, uma junção de espírito e coração, voltados para a mesma Obra. A virtude da humildade assegura que tanto o caminho como o destino são garantias da melhor história.

Os passos: Quais são eles? Qual será o próximo? Prepare-se para o novo ano, a nova jornada, a desafiadora travessia. Se você dá um passo, a sua obra, seja a empresa ou o trabalho, também segue adiante. Da mesma forma que toda a humanidade, porque o movimento se expande, poderoso e inspirador! 

Publicado Revista Empreendedor: Dez/2014

Veja também:

Vídeos:  

Metanoia: um novo olhar sob os negócios

O mercado como uma Arena de Guerra

Blog: 

Sete maneiras de caminhar – 1o e  2o passo


Vamos conversar?