Como é a sua nação?

Nação lembra país, país lembra pátria, pátria lembra
Brasil. E dessa pátria nem vamos falar, pois a mídia tem se ocupado diariamente dela, dando muitas vezes a impressão de que não a integra, da mesma forma que os que a habitam também parecem colocar-se à parte do que deveria ser uma unidade ou um único organismo.

A nação a que me refiro é a empresa, sistema organizacional que tem sido tema constante dos meus escritos e é a especialidade do meu trabalho. Afinal, uma empresa é isso mesmo: uma nação menor dentro de uma nação maior, com governantes e governados, e jurisprudência própria, formada por um conjunto de princípios e valores, explícito ou implícito. É feita de pessoas com as mais variadas competências, percepções e intenções, e que lidam com conflitos e políticas, aplicando suas dotações orçamentárias – de acordo com o pragmatismo dos resultados – com mais ou menos inteligência e justiça. No fundo, uma proporção reduzida do que denominamos nação, tal e qual. Ao compreender essa sociedade mais reduzida, talvez seja possível, com mais discernimento, entender melhor a sociedade em toda sua extensão.

Nem sempre a nação menor, a empresa, vive uma democracia, não no sentido político partidário, obtida através do voto, mas no modelo de liderança, que permite ou não espaço para que todos se expressem e participem diretamente das decisões que afetam o trabalho, individualmente. Algumas até se assemelham mais a monarquias imperialistas ou ditaduras em que o rei ou o caudilho jamais cedem o seu posto e espaço para novas lideranças.

Nem sempre a nação menor possui uma constituição ou um conjunto de leis que deveria ser seguido. Nem sempre é orientada por valores ou virtudes ou, quando os tem, eles são levados a sério quando surgem os primeiros abalos orçamentários. Recentemente escutei, de um grupo de líderes, que entre o fluxo de caixa e a ética, não hesitariam em assegurar o primeiro, mesmo que fosse em prejuízo da segunda. Pois se esse é o entendimento da nação menor, não há que esperar de diferente na nação maior.

Nem sempre, na nação menor, os fatos prevalecem sobre a versão deles. É muito conhecida a rádio peão e o seu poder de influenciar todo o conjunto de pessoas, com interpretações que, nem de longe, representam a realidade. A nação menor sofre, também, os ruídos de uma comunicação que está distante de ser correta, ou seja, límpida, translúcida ou verdadeira.

Nem sempre a nação menor possui um propósito que angarie de maneira produtiva as competências de todos os seus integrantes. Existe, sim, um imenso desperdício de competências não direcionadas para um objetivo maior do qual todos comunguem. Tal equívoco é incontestável em ambas as nações.

Muitas vezes, a energia que deveria ser canalizada para o objetivo principal da nação-empresa é consumida em conflitos e problemas de relacionamento, principalmente pela baixa relação de confiança entre os seus integrantes. Qualquer semelhança entre as nações não é mera coincidência, pois nelas vivem os mesmos cidadãos.

Muitos que habitam a nação-empresa agem como se dela não fizessem parte. Arrastam-se como seres errantes pelo deserto. Integram o organismo como uma porção isolada, mais vítimas dos efeitos do que parte da causa.

Tanto a nação maior como a nação menor devem ser melhoradas, como promessa de evolução que são e que somos, todos os que nelas vivemos. Por isso, tudo começa na única nação em que todos têm autonomia e responsabilidade e sobre a qual vassalo algum tem o poder de se sobrepor: a nação-indivíduo. Também composta de propósito e valores, de intenções e competências, de atitudes e comportamentos, é justamente nessa que as demais nações se abastecem de forma positiva.

A nação-indivíduo merece as melhores e mais sublimes leis, bem delineadas em seu hino, de maneira a gerar justificado sentimento de orgulho 

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