Confiança dá certo!

“Por favor, pode tomar conta da minha mochila por um momento? Eu já volto.” Você nem faz ideia de quem seja aquela pessoa a quem faz o pedido, mas confia.

Já aconteceu comigo várias vezes, penso que também com você: pedir para alguém olhar as suas coisas enquanto você vai até o banheiro ou ao balcão, tomar um café. Já testei em rodoviárias, plataformas de embarque em aeroportos, salas de espera de cinemas, shoppings, parques. Invariavelmente, quem aceita, cuida. Nunca me aconteceu de ter sido lesado em algumas dessas situações, mesmo que o desconhecido até pudesse ser algum larápio.

Deve haver alguma razão misteriosa por trás disso. É como se, ao demonstrarmos confiança nela, a outra pessoa se sentisse na obrigação de honrá-la. Faz parte da dignidade humana corresponder à confiança que nela foi depositada.

Pode parecer ingenuidade confiar em alguém desconhecido, mas é uma questão de sabedoria confiar na confiança.

A confiança é como uma aura que une pessoas. Ela funciona! É mais fácil alguém enganar um trapaceiro do que enganar uma pessoa confiável e confiante.

Agora veja só que ironia! A gente pode confiar em desconhecidos em plataformas de embarque e salas de espera, mas não confia em pessoas que trabalham ao nosso lado por anos. É impressionante o aparato de controle entronizado nas empresas com suas regras e burocracias internas.

Se perguntarmos aos burocratas e controladores as razões desses procedimentos, certamente terão boas justificativas ao citar os raros episódios que aconteceram nos últimos vinte anos ou alguma lei de fora que impõe tal prática. A verdade nua e crua, no entanto, é a falta de confiança.

O prejuízo maior, no entanto, se estiver bem entendido, não está nas regras, controles e burocracias inúteis que desperdiçam tempo e energia, mas em deixar de promover a virtuosa aura que une as pessoas em relações de confiança e dignidade.

Acredite, portanto, na misteriosa razão que leva as pessoas a corresponder a quem nelas confiam. Pratique, pois vale a pena!

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