Nos negócios, no trabalho e na vida, a gente gosta de acreditar que tudo está sob controle. Agenda organizada, metas definidas, informações impecáveis. O problema é que a vida não lê planilhas. De repente, no meio da rotina mais previsível, aparece algo inesperado e lá vem ele: o acaso, com seu jeito maroto, apresentando uma oportunidade disfarçada de coincidência.
Pense comigo. Você decide, em plena segunda-feira, que precisa de novos contatos. À tarde, recebe uma mensagem: é um cliente antigo que reaparece do nada, trazendo exatamente o projeto que você estava buscando. Coincidência? Talvez. Mas, com olhos atentos, vira oportunidade.
Ou então você entra em um café apenas para buscar um alívio, pede um expresso e, sem perceber, senta ao lado de alguém que precisava ouvir exatamente a sua ideia. Coincidência? Pode ser. Mas se você tiver coragem de puxar conversa, vira oportunidade.
A questão é que a oportunidade raramente manda aviso antes de chegar. Não tem a delicadeza de agendar horário nem toca a campainha ou preenche cadastro. Aparece de surpresa. Às vezes bem arrumada, às vezes de chinelo.
Algumas oportunidades chegam maquiadas de problema. É aquela reunião que atrasa, e, justamente por isso, você encontra uma pessoa com quem nunca teria cruzado. É o erro da rota no GPS, algo que, por “acidente”, coloca você diante da loja que estava procurando fazia meses. É a vaga de emprego que estava procurando e não deu certo, mas abriu espaço para uma oportunidade ainda melhor.
Carl Jung, o pai da psicologia analítica, chamava isso de sincronicidade. Acontecimento que não se explica por causa e efeito, mas por sentido e significado. O mercado fala em sorte. Tem gente que chama de destino. E cada um, no fundo, sente que algo maior anda conspirando nos bastidores.
Mas é preciso cuidado. Nem toda coincidência vira oportunidade. Para que a mágica aconteça é preciso atenção, disponibilidade e, muitas vezes, uma boa dose de humor. Afinal, oportunidade gosta de gente acordada, pronta para brincar de esconde-esconde.
No fundo, coincidência é apenas o apelido que a oportunidade usa quando quer nos surpreender. E talvez seja essa a lição mais prática para negócios, trabalho e vida: por mais que a gente planeje, organize e controle, é preciso deixar uma janela aberta para o inesperado e, claro, atentar, para ele, sem se perder em lamentações.
O segredo não é planejar demais nem esperar de menos. É, sim, trabalhar com afinco, mas sem perder o olhar curioso para o que se move nas entrelinhas da vida. Oportunidade tem manias: gosta de se apresentar disfarçada, de ser chamada de coincidência. No fundo, o que ela mais gosta mesmo é de ser aproveitada. Atente e aproveite!