O teste do pronome

– Isso é com eles, não é da nossa conta – descreve o funcionário, remetendo aos de cima a responsabilidade por feitos ou não-feitos.

– Eles não aprendem, não tem jeito mesmo – descreve o líder, indicando aos subalternos a culpa das coisas não serem feitas do jeito que deveriam.

Nós e eles. Eles e nós. Empresas do tipo não passam no teste do pronome.

O teste do pronome é aquele em que tanto colaboradores como líderes se consideram nós e eles e não nós, como acontece onde todos se sentem uma comunidade solidária, indicando a existência de uma clara distinção hierárquica ou uma separação, ainda que sutil, entre as áreas empresariais. 

Passar pelo teste do pronome tem uma relação direta com o Capital Relacional. Considere os dois aspectos na sequência. 

O negócio e a empresa

As pessoas, incluindo as lideranças, estão mais voltadas para a empresa do que para o negócio. Em tal contexto, ao aplicar o teste do pronome, nota-se que boa parte dos colaboradores não se considera como integrante do negócio. Daí a percepção de que o espaço não se refere a nós; quando muito, é entendido como algo restrito a eles, a equipe comercial que, para aumentar ainda mais a separação, possui um modelo de recompensa diferenciado, não destinado aos demais. É simples constatar, até porque sequer existe a intenção de esconder essa realidade.

Separado do eles do negócio, o nós da empresa sente-se apenas como um item da folha de pagamentos, compondo atividades-meio para dar assistência e suporte às atividades-fim.

Passar no teste do pronome é fazer com que todos se sintam tão parte do negócio como da empresa.

A autoridade e a autonomia

Caçar culpados por erros é o principal indício de uma empresa que não passa pelo teste do pronome. Essa talvez seja a principal razão pela qual muita gente ali “trabalha para não ser pega”, frase que ouvi certa vez de um funcionário, ao visitar uma fábrica. Trabalhar para não ser pego é o mesmo que evitar o risco, o erro e o nós. É o que sempre acontece quando a autoridade da liderança prevalece sobre a autonomia da equipe.

Nas empresas em que os integrantes passam pelo teste do pronome, no entanto, errar é permitido, algo que só vai acontecer se eles tiverem autonomia.  A mesma autonomia que também lhes dá poder para acertar e fazer com que o negócio e a empresa prosperem.

Confira o seu caso

Quer saber se o Capital Relacional está evoluindo em sua empresa? Faça o teste do pronome.

Uma obra é composta por negócio e empresa, um conjunto indissociável, com tempos distintos. O negócio tem ritmo, a empresa, ciclo. Alinhar ambos os aspectos é um desafio diário. Virtuoso, inclusive.

O Capital Relacional será mais elevado quanto maior for o engajamento da equipe com a obra (negócio/empresa) e a autonomia para errar e acertar (autoridade/autonomia). 

Que o nós seja a resposta na ponta-da-língua de todos os membros da equipe, nas empresas que investem no Capital Relacional. É o que vai torná-las referência, luzes ou faróis, no amplo e árido ambiente chamado mercado.

Que seja – ou se torne – o seu caso. Virtuosamente, rumo à melhor contribuição para a comunidade!

Se inscrever
Notificar de
guest
0 Comentários
Inline Feedbacks
View all comments

Quem leu esse artigo também leu esses:

  • A gestão relacional

    Os relacionamentos são os que mais nos causam sofrimento e alegria. Paradoxo? Se duvida, proponho...

  • Empresa movida pela curiosidade

    Que tal criar um modelo educativo na empresa, para que as pessoas aprendam movidas pela...

  • Entre a autoridade e a autonomia

    Um filme de treinamento que usávamos há tempos, se passava no departamento de protótipos em...


Vamos conversar?