Quanto é suficiente?

Parece, mas não é. A farta é diferente do excesso. O excesso é para quem não acredita na farta. É um tipo de coerção. Uma adição feita à força. Olhe para os lados e veja como o excesso está tomando conta: a comida em exagero, a roupa desnecessária, o remédio sem prescrição, a produtividade máxima, o consumismo exacerbado. Tudo em demasia. É o excesso. Nada a ver com a farta.

A era do demais – coisas, produção, consumo – é resultado dos excessos. Pode parecer estranho, mas o excesso existe justamente por falta de fé na farta. Aposta-se na artificialidade para afastar a possibilidade da insuficiência. Está ligado mais à falta do que à farta. Provém de uma visão de escassez. O excesso existe no mundo de fora para compensar a escassez que habita o mundo de dentro.

Mas não é só isso. O excesso, com suas muitas e múltiplas coisas, desconfigura o sujeito. É como se, misturado com tantas coisas, o sujeito não conseguisse mais se ver como sujeito, e sim parecido com as coisas. O mundo do excesso é o mundo da coisificação do humano.

A farta, por sua vez, não requer artifícios. É a prova de que a vida é boa e bela. Naturalmente. Ela vive nas mentes desenvolvidas de quem foge dos excessos e nos corações generosos dos que sabem dividir.

Excessos podem produzir fortunas, mas as fartas geram farturas: de oportunidades, de riscos, de boas ideias, de talentos, de riquezas.

A farta é a abundância que habita a “economia de dentro” para, então, se expressar como fartura na “economia de fora”. Na exata e gratificante medida.

A nobreza humana está na sua justa medida. Confira no meu mais recente livro O Código da Nobreza.

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