Rompa o silêncio com nobreza

Diante de tudo, reina o silêncio. Cada um engole a indignação como pode, criando a sua própria indigestão.

É como se tivéssemos perdido a capacidade de conversar e de falar uns com os outros sobre percepções e sentimentos. Por que tratar de questões perturbadoras? Melhor deixar para lá e, assim, abrimos condições para que o oposto aumente o seu tamanho. Enquanto isso, o mal encontra espaço para prosperar. E, como dizia o historiador Edmund Burke, “para que o mal triunfe, basta que os bons não façam nada”.

Ficamos passivos diante das dores do mundo e fazemos de conta que não nos atingem. Inútil acreditar que as coisas ocorridas longe de nós não nos afetam. Quanto maior a dor, mais nos sentimos esmagados e amordaçados. O sofrimento máximo, no entanto, é a desconexão da nossa verdadeira natureza e a tentativa de vivermos dela afastados. Naturezas – a cósmica e a humana – compõem o mesmo grão de areia de onde tudo se originou. 

Diante dos descalabros, nós nos sentimos impotentes. Ao acreditar que nada podemos fazer, optamos por omissão e silêncio. Se não quisermos dizer com palavras, que o façamos com gestos, pequenos que sejam. Assim, podemos dar a nossa contribuição ao mundo, mesmo que sutil. Na somatória, contribuímos para um mundo mais tolerante e cordial.

Gentileza é a atitude que pode se contrapor à dor do mundo. Há quem a veja como fraqueza, outros como força. Na verdade, é uma nobreza, uma nobreza de espírito. 

Pequenos grandes gestos, eis o que pode mudar a nossa atmosfera de tóxica para atóxica. No livro “Rico de Verdade”, quando abordo a disciplina da contribuição, dou alguns exemplos do que pode ser bálsamo para o mundo: acolher quem nos procura pedindo ajuda, com tempo e atenção; sorrir, para descontrair o ambiente de trabalho; realçar os pontos positivos e qualidades de uma pessoa sempre que alguém começa a falar mal dela; oferecer ajuda, mesmo que não seja solicitada; dar e pedir perdão para manter a alma leve, de ambos os lados. 

Saindo da torre de marfim e do isolamento do ego por meio de pequenos grandes gestos, logo nos sentiremos libertos e animados para ir além. Tudo começa por oferecer um pouco de atenção, em seguida se eleva o interesse por doar mais e eis que, de repente, o amor – sempre a melhor estratégia – aflora.

Alguém deve estar pensando “as mazelas do mundo são imensas, pequenos gestos de gentileza são como ínfimos   grãos de areia, não vão surtir efeitos”. Volto a lembrar, caso você tenha se esquecido ou passado por alto: tudo começou num pequeno grão de areia cósmica. Vamos, portanto, retornar ao natural. A viagem faz todo o sentido!

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