Um novo chamado

Como transformar empresas desumanizadas em ambientes onde talentos desejem habitar?

A resposta está na construção de uma nova cultura, a da empresa com alma, não em fórmulas prontas nem em treinamentos avulsos e genéricos.

Primeiro desafio: resgatar a essência.

Toda empresa nasce de um sonho, de uma intenção geralmente boa. Mas, no caminho da eficiência, muitas perderam o porquê e ficaram apenas com o como.

Recuperar a intenção original – ou descobrir uma nova intenção – é o primeiro passo. “Por que existimos, de verdade?”

Segundo desafio: ver pessoas como talentos, não como cargos.

Gente não cabe em caixinhas. Gente pulsa, inventa, transborda. Uma empresa com alma enxerga seus colaboradores não como ocupantes de funções, mas como portadores de vocações. Chamas humanas em busca de chamados que as conectem. Por isso, a empresa com alma tem como prática descobrir o que elas têm a oferecer e desenha possibilidades ao redor disso, ao invés de encaixar pessoas em descrições de cargo.

Terceiro desafio: ver pessoas como valores, não apenas como necessidades.

Clientes são almas humanas desejando serem cuidadas por almas também humanas. Para além de suas necessidades, representam valores. Não existe inovação sustentável sem vínculos fortes e esses vínculos se dão por conta dos valores.

Uma empresa com alma cuida do ambiente, das relações, da escuta e da dignidade humana no cotidiano. É investimento de longo afeto, não desperdício de tempo.

Quarto desafio: fazer do lucro um meio e não um fim.

Empresas precisam ser viáveis. Mas lucro, por si só, é métrica vazia. Quando o lucro serve à vida, ganha dignidade.

Empresas com alma entendem que prosperidade é um campo mais amplo – inclui bem-estar, bem viver, sentido, propósito e contribuição social.

Quinto desafio: chamar a juventude pela nobreza, não pela necessidade.

A nova geração não quer apenas um emprego. Quer pertencer. Quer construir algo maior. Muitas vezes se refugia na informalidade por conta da liberdade para perceber, depois, que não há sustentação. A oferta de emprego com carteira assinada, por outro lado, não aprendeu a ser encantadora.

É hora de criar empresas com alma, capazes de unir o melhor dos dois mundos: liberdade com propósito.

O Brasil não precisa apenas de mais qualificação técnica. Precisa de organizações convocadoras de vocações. De empresas que se transformem em escolas de humanidade. De líderes que deixem de contratar pela função e passem a convidar pelo chamado.

O brasileiro não foge do trabalho. Ele só não aceita mais viver em ambientes que o fazem morrer por dentro.

Empresas com alma não disputam talentos. Elas os atraem, os despertam e fazem com que permaneçam.

Para reconhecer exemplos concretos, recomendo a leitura do livro “Pedaços de Brasil que dão certo” (Buzz editora). Leia e verá como a humanização é fundamental para a prosperidade.

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