Um lugar à sua espera

– Adoro meu emprego. O que odeio é trabalhar!

Parece piada, não é? Mas tem muita gente que pensa assim. Gosta do emprego, como garantia de sustento, mas não do trabalho, pela responsabilidade envolvida.

Com isso, vai crise vem crise, e algo nefasto não muda. A legião de desempregados, de um lado, e a necessidade por trabalhadores, de outro. Resolver essa equação parece ser simples, matematicamente. Basta encaixar a oferta com a demanda. Mas é tão difícil quanto misturar os rios Negro e Solimões, que permanecem separados ao encontrar-se no mesmo leito.

A dificuldade está aí: são buscas, pretensões e intenções muito diferentes. Quem procura emprego espera encontrar amparo, proteção e segurança. Não quer correr riscos, com receio justamente de perder o emprego, razão da sua procura.  Fará de tudo para preservá-lo e preservar-se.

Algumas frases clássicas denunciam aqueles que almejam emprego, mas não responsabilidade.

– Eu só trabalho aqui – costuma dizer quem prefere a isenção da culpa ao risco.

– Não é o meu departamento – diz o outro, eximindo-se de resolver questões, sob o guarda-chuva do não-tenho-nada-com-isso.  

– Essa é a norma da casa – defende-se quem se distancia de qualquer compromisso com o cliente.

– O senhor precisa reclamar na empresa – esquiva-se quem não se sente parte da própria organização que assina sua carteira funcional e paga o seu salário.

Trabalho é outra coisa. É risco, responsabilidade, compromisso. É dar a cara para bater, romper barreiras, furar bloqueios. É pensar alternativas, propor soluções, usar a criatividade. É realizar e contribuir para que os resultados aconteçam. É se ligar no cliente e fazer de tudo para que ele se sinta satisfeito e com vontade de retornar.

Alguns dirão que muitas empresas e líderes não valorizam comportamentos empreendedores como os citados acima.  Sim, é fato. Muitos líderes por aí estão mais preocupados consigo mesmos e com a preservação de seus empregos e cargos e também não querem correr riscos. No fundo, seu comportamento revela a crença de que não vale mesmo a pena trabalhar.

A regra que quase sempre funciona é a seguinte: quem pensa em emprego e não em trabalho, não se fixa em lugar nenhum. Quem pensa em trabalho, não em emprego, tem sempre um lugar à sua espera. 

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