O encontro da Economia de Francisco com a Economia ao Natural
O Sumo Pontífice se foi, mas deixou um legado imenso de exemplos, direcionamentos, ensinamentos e inspirações. Sempre respaldados por sua prática instigante.
Indignado diante de uma economia avassaladora e destruidora do planeta ele dizia: “não podemos mais confiar nas forças cegas e na mão invisível do mercado”. O Papa Francisco escreveu duas cartas encíclicas transformadoras: o Laudato Si’ (Louvado Sejas) sobre o cuidado da casa comum e o Fratelli Tutti sobre a fraternidade e a amizade social.
Ambas traduzem a Economia de Francisco, complementadas pelo Laudate Deum, centrada na crise climática.
As convergências da Economia de Francisco e da Economia ao Natural são, para mim, motivo de alegria e esperança. Se de um lado o Papa Francisco convocou o mundo para uma economia mais justa, fraterna e inclusiva, de respeito pela vida e o planeta, a Economia ao Natural é o amplo espaço em que as empresas operam a partir da abundância, da nobreza e da essência humana.
Na Economia ao Natural, a prosperidade se dá a partir do ser. Aposta-se em uma abundância natural, na cooperação como motor do desenvolvimento, no trabalho como expressão da essência humana e no valor acima do preço. Ao reconhecer a abundância que é, a escassez perde o seu poder sobre cada um de nós.
Na Economia de Francisco, a prosperidade é para todos. O Santo Padre pregava uma economia que serve à vida, combate a exclusão, prioriza os pobres e o cuidado com a casa comum por meio de uma ecologia integral. “O ser humano é mais importante do que o capital”, afirmava o Papa Francisco. E complementava: “o objetivo final não é o lucro, mas o serviço às pessoas e ao bem comum”.
A benignidade como valor econômico pode ser sintetizada em quatro pontos comuns: a visão de que a economia deve ser a favor da vida, não da morte; o trabalho como vocação, não apenas como sobrevivência; o lucro como meio, não como fim; a regeneração das relações humanas e com a natureza.
Em suma, tanto a Economia de Francisco como a Economia ao Natural expressam o que verdadeiramente deve ser uma Nova Economia.
Ela já não é um sonho distante – é uma realidade que nasce no agora, no pequeno, no verdadeiro. É a vida chamando a vida. É o ser chamando o ser.
Que sejamos os construtores, os jardineiros, os semeadores dessa nova era. Que nossa prosperidade seja medida pela vida que tocamos e pela esperança que espalhamos.
Em profunda reverência ao Papa Francisco, jardineiro da esperança e semeador da nova economia da vida, seguimos, de alma aberta, a serviço de uma economia que honra a essência, floresce no amor e serve à vida. Amém.