Biruta de aeroporto

Eles não fazem porque não querem ou não fazem porque não podem? Eis a pergunta que os líderes se fazem quando, frustrados, constatam que seus colaboradores não fizeram as coisas que deviam ou entregaram tudo malfeito. 

Você apurou os ouvidos para escutar a súplica deles? Se o fizesse, ouviria o quanto eles se sentem desorientados. Ficam alienados diante da realidade, sem compreender o que se passa no mercado no qual está inserida a empresa em que trabalham, sem saber a realidade sobre a organização, sem conhecer os resultados, sem receber informações sobre o seu próprio desempenho. Como dar o melhor de si diante de tanto desconhecimento e alienação? Difícil não se parecer com a biruta de aeroporto diante de tanta desorientação, sacudindo-se ao sabor dos ventos.

“Oriente-me!”, eis a sua súplica. Para quem está na gávea da embarcação, a visão é uma. Para quem está no convés, é outra. Ao me referir ao cliente, eu disse e repito aqui, com o devido ajuste: nunca subestime a inteligência do colaborador, mas jamais superestime seus conhecimentos. O que parece óbvio do ponto de vista do líder, não é nada óbvio do ponto de vista do colaborador.

Quando as coisas não são feitas ou são malfeitas, ainda que pareça negligência ou “corpo mole”, o que está faltando de verdade é orientação.

Se os ouvidos fossem apurados, você ouviria que as informações não chegam e, quando chegam, vêm fragmentadas. As tarefas ganham sentido quando emolduradas por um contexto, algo no qual estão contidas. Concentrar-se apenas nas tarefas e afazeres diários é viver uma rotina sem sentido e que fatalmente afetará a motivação.

Mas atente ao seguinte: orientar é diferente de oferecer respostas. Um líder educador sabe como orientar sem que precise prescrever. Oferece indicações e caminhos, mas sabe que o passo a ser dado é do colaborador, não seu. É ele que precisa aprender e caminhar. 

Fazer boas perguntas é a melhor maneira de orientar, lançando desafios e fazendo com que cada um aprenda impulsionado pela própria curiosidade.

Orientar é também aprender juntos, ampliando as competências individuais e coletivas. Faz parte do Capital Relacional. E quem não gosta de aprender ao invés de posar de biruta de aeroporto?

Capital Relacional. Anote aí na sua agenda!

Se inscrever
Notificar de
guest
0 Comentários
Inline Feedbacks
View all comments

Quem leu esse artigo também leu esses:

  • Entre a autoridade e a autonomia

    Um filme de treinamento que usávamos há tempos, se passava no departamento de protótipos em...

  • Desintoxicar é parte do Capital Relacional

    Assisti, certa vez, à cena de um passageiro raivoso tentando avançar sobre o funcionário de...

  • O dilema do tempo e da atenção

    De tudo o que pode ser aprendido com o Capital Relacional, uma das principais lições...


Vamos conversar?