Não gosto de números!

Já ouvi essa frase e suas variáveis algumas vezes. Talvez seja trauma dos tempos da escola, quando a matemática era assustadora para boa parte dos estudantes. Ou, quem sabe, por causa daquela estranha divisão (quem a inventou?) entre exatas e humanas. A classificação resultou em igual separação do pessoal de exatas, afeito à matemática e aos números, do povo das humanas, repelente às contas e cálculos. Uma vez rotulados, segue-se a carreira e profissão com base na profecia da suposta vocação.

Ainda hoje encontro pessoas que ficaram marcadas assim, levando a coisa tão ao pé da letra a ponto de se departamentalizarem: aquelas de exatas conectam-se com as áreas que fazem contas, a exemplo da financeira, e aquelas de humanas se concentram nas que supostamente não fazem contas, como a de recursos humanos.

Assim seguimos, infelizmente, com o cérebro subutilizado, pois ninguém o formatou para que fosse repartido entre exatas e humanas. Todos portamos duas partes do cérebro, o límbico, voltado aos sentimentos e emoções, e o néo-cortex, focado no raciocínio e na lógica. Portanto, se não deixarmos profissões, cargos e funções atrapalharem, dentro de cada um de nós habitam, concomitantemente, um gerente financeiro e um gerente de recursos humanos.

Tudo isso para dar um recado bem direto a um dos lados de uma só e íntegra moeda. Se você faz parte do time que não gosta de números, achando que essa é a parte chata dos negócios e mesmo assim trabalha em uma empresa, aprenda a gostar! E se você acha que aquele pessoal do financeiro é um bando de burocratas que só quer que você cumpra os combinados do orçamento, aprenda a admirá-los!

Afinal, tudo passa pelo departamento financeiro. Há quem não goste daqueles profissionais, porque só sabem dizer “não”. Ainda bem que tem alguém para colocar freios. Bons financeiros são assim mesmo, difíceis de convencer. E se o responsável financeiro de sua empresa é muito maleável, é bom procurar outro.

 

Ao invés de reclamar, faça um esforço para entrar no mundo deles, aprender com eles, desenvolver a linguagem das finanças. Negócios e finanças caminham juntos. Deixe de considerá-los burocratas zangados e passe a vê-los como os sustentáculos dos sonhos e desejos, muitas vezes desvairados, de quem resolveu isolar essa parte tanto dos negócios como do próprio cérebro e da vida. Lembre-se: o todo é indissolúvel.

 

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