O segundo lar

Quando você pensa em lar, o que lhe vem à mente? Fragrâncias e paladares, sons e músicas, festas e celebrações. Que sentimentos passam por seu coração? Tristezas, alegrias, saudades. O que lhe sugere gratidão? O que você aprendeu com o seu lar?

 

Lar desperta a nostalgia por um lugar, onde você pode se sentir em casa, ser quem realmente é, sentir acolhimento e amor, e estar em contato com as suas raízes. Quando retornamos à casa da infância, queremos retirar os calçados, livrar-se da roupa de trabalho, esparramar-se no sofá da sala.

 

Fazemos quase sempre uma relação direta entre casa e infância, compondo o nosso imaginário. Quando, depois de muitos anos, revisitei a de minha avó, onde morei na infância, fiquei estarrecido ao constatar que aquela escada em que havia sofrido várias quedas mortais não era tão perigosa assim nem as quedas, tão mortais. Mas, em minha imaginação, continua viva a escada ameaçadora que desafiava a minha coragem. É no lar da meninice que aprendemos a ter confiança na vida.

 

Lar lembra infância, infância lembra lar. E, na medida em que nos tornamos nômades deportados de nossa infância, estamos sempre querendo retornar ao lar, principalmente quando olhamos ao redor e não nos reconhecemos no mundo em que estamos vivemos.

 

Lar é uma esperança não realizada, um “não-lugar”, o nosso “ainda não”, onde andamos na direção daquilo que um dia nos tornaremos, o nosso devir, e que já somos, hoje.

 

Onde você se sente em casa? O que lhe dá tal sensação? São as pessoas, a cidade, a paisagem? O que é determinante para que você se sinta em casa?

 

“Estar em casa” não significa necessariamente um local, mas um estado de espírito. Quem anda com pressa pela paisagem, não consegue reencontrar o seu lar. Lar precisa de tempo, atenção e dedicação.

 

É um desejo latente ter um lugar no qual se encontra a aceitação, a compreensão, a sensação de pertencer, o afeto. Um lugar de confiança, onde o acolhimento é uma certeza tamanha que a gente pode se entregar, onde não se é estranho, mas sim aguardado por alguém, onde alegria e pesar são partilhados mutuamente, onde se pode ser como realmente se é, onde se pode crescer, como de fato deverá ser, pois fincou-se raiz em solo bom.

 

Toda empresa deveria se perguntar o que pode fazer para que as pessoas se sintam em casa, ali. Será possível, se o ambiente for mais parecido com uma comunidade do que com uma organização.

 

Uma comunidade só se torna um lar, para nós, quando está impregnada de amor e faz aflorar algo que é maior que ela mesma. Algo perfeitamente possível, quando se quer que assim seja! 

 

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