Massa de manobra

– Precisamos dar cabo de duas pessoas.

Bang! Bang!

– E quem são as duas pessoas? – diz a que restou,  enquanto assopra o cano fumegante da arma.

 

A anedota demonstra como a reação se antecipa à reflexão. E como as ações baseadas em reação, embora pareçam eficientes, causam mais danos do que ganhos.

 

Drama e reação andam de mãos dadas. Quando você olha para os lados e tudo o que vê remete à crise (conversas, noticiários, internet, postagens no facebook), a vida se transforma em um grande drama. É como se alguém gritasse: fogo! fogo! e todos saíssem correndo a esmo sem saber ao certo se fogem ou se enfrentam um perigo que nem ao menos enxergam. Como pura e simples massa de manobra.

 

O mundo é feito mais de reação do que de reflexão, infelizmente. Como a empresa está inserida nele, do qual é parte significativa, ela também é feita mais de decisões reativas do que reflexivas. A pressa, o imediatismo e a obsessão por resultados acentuam ainda mais o ímpeto tresloucado.

 

De fato, dramas não faltam: na economia, nos negócios, na empresa, na família. E quando eles diminuem de intensidade, há quem providencie alguma tempestade, mesmo que seja em um copo d’água. E as reações se antecipam às reflexões.

 

O que estamos fazendo nesse momento é uma reflexão. É bem possível que o texto sirva, mais do que a você, àquele que, vivendo os seus dramas, não arranja tempo para uma simples leitura ou uma pequena pausa para reflexão. E que, por recusar-se a refletir, não consegue sair dos enroscos dos dramas em que se deixa envolver.

 

Mesmo diante de todos os percalços, é uma grande virtude manter a faculdade de reflexão, de se deslocar das pressões para transformar dramas em tramas. Tramar a própria vida é responsabilizar-se por ela como sujeito ao invés de reagir como objeto de manobra dos dramas, até porque alguns deles nem fazem parte da nossa vida.

 

Já existem dramas suficientes para que acrescentemos outros que não nos pertencem e que são meios de manipulação para que continuemos reativos e reagentes, tratando de nos defendermos de ameaças mais imaginárias que reais. Enquanto nos degladiamos com elas, a vida passa. Tratemos, portanto, de vivê-la intensamente, com todo o contentamento de que somos merecedores. 

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