Merecemos um reino bem melhor!

“Há algo de podre no reino da Dinamarca”. Quem coloca essa frase na boca de um oficial é o grande escritor e dramaturgo inglês Shakespeare, em Hamlet. Shakespeare não recorre aos outros sentidos, tais como a visão ou a audição. Estes são insuficientes para denunciar o que está acontecendo. Lança mão do olfato. O cheiro de podre. Algo inevitável, pois diferentemente da visão e da audição, o olfato independe da intenção. Somos capazes de apurar o que os olhos enxergam e o que os ouvidos captam, mas o cheiro é algo que nos invade, queiramos ou não.

Nas empresas, o cheiro, que nem sempre é dos melhores, recebe o nome pomposo de “clima organizacional”. Algo que não é visível, muitas vezes sequer expresso por palavras nem reconhecido via tato ou paladar. Apenas pelo olfato.

O líder que conhece a sua empresa, reconhece o seu cheiro. Sabe quando está mais para a fedentina do que para a fragrância. A menos que ele tenha se acostumado com mau cheiro, como acontece com as pessoas que não têm outra sorte exceto morar ao lado dos lixões.

É isso, a gente se acostuma, e não devia. Cheiro de podre deveria ser repulsivo, abominável, detestável. Um alerta avisando que algo está em decomposição. E que alguma coisa precisa ser feita, pois as nossas narinas merecem aromas mais agradáveis.

E o que cheira mal? A mentira tem cheiro e bem ruim. A trapaça também cheira mal. O fedor da farsa pode ser sentido a quilômetros de distância. Também o da desonestidade. Quando os gestos não correspondem às palavras, um odor nauseabundo exala. Note que a visão e a audição não conseguem denunciar as injúrias. O olfato é o sentido mais próximo de um outro, o chamado sexto sentido.

Existe algo de podre no reino da Dinamarca e esse mau cheiro não é de agora. Sentimos com mais força porque foram abertas as comportas.  O fedor invadiu o reino. Não podemos continuar vivendo com tamanha repugnância.

E o que cheira bem? A verdade tem uma fragrância inebriante. A da bondade, por sua vez, é de uma suavidade indescritível. E a beleza, então! É o perfurme dos deuses.

Merecemos – e podemos construir – um reino melhor!

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